Brasil é líder de milionários na América Latina, mas segue entre os mais desiguais do mundo
Relatório aponta que país tem 433 mil milionários em dólares, ou seja, com mais de R$ 5,5 milhões
Brasil lidera em milionários na América Latina com 433 mil indivíduos, mas segue entre os países mais desiguais do mundo, apresentando alto Índice de Gini (0,82) e significativa concentração de riqueza.
O Brasil conta atualmente com 433 mil pessoas que possuem fortuna superior a US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 milhões), de acordo com o relatório anual do banco UBS, especializado em gestão de patrimônio de alta renda. O levantamento coloca o país no 19º lugar entre as nações com maior número de milionários em moeda americana.
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O ranking é liderado pelos Estados Unidos com uma margem ampla. O país concentra 23,8 milhões de milionários. Na sequência, aparecem China (6,3 milhões), França (2,8 milhões), Japão (2,7 milhões) e Alemanha (2,6 milhões).
Apesar de o número de brasileiros milionários ser expressivo, o dado reforça uma característica marcante da economia nacional: a alta concentração de renda. Segundo o mesmo estudo, o Brasil é o país mais desigual entre os 56 analisados, empatado com a Rússia, com Índice de Gini de 0,82 --quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade.
Outros países também figuram no topo do ranking de concentração de riqueza, como África do Sul (0,81), Emirados Árabes Unidos (0,81) e Arábia Saudita (0,78). Na outra ponta, nações como Itália, Coreia do Sul e Polônia apresentam índices em torno de 0,57.
Heranças bilionárias
O relatório do UBS também destaca a onda de transferência de riqueza prevista para as próximas décadas. Globalmente, estima-se que mais de US$ 83 trilhões troquem de mãos em um período de 20 a 25 anos. A maior parte, US$ 74 trilhões, deverá ser repassada entre diferentes gerações, enquanto US$ 9 trilhões devem circular dentro de uma mesma geração.
Nesse cenário, o Brasil aparece em posição de destaque. O país é apontado como o segundo maior mercado de heranças do mundo, com um volume estimado de US$ 9 trilhões a serem transferidos, atrás apenas dos Estados Unidos, que devem superar a marca de US$ 29 trilhões. A China surge em terceiro lugar, com previsão de mais de US$ 5,6 trilhões.
Um dos fatores que explicam essa projeção para o Brasil é a sua expressiva população com mais de 75 anos, parcela da sociedade que concentra boa parte da riqueza.
Crescimento desigual
De modo geral, a riqueza global voltou a crescer, mantendo o movimento de recuperação iniciado em 2023, após a retração de 2022. Em 2024, o crescimento foi de 4,6%, ligeiramente acima dos 4,2% registrados no ano anterior.
O avanço, contudo, não ocorreu de forma homogênea. As Américas, sobretudo a América do Norte, responderam por grande parte dessa expansão, com alta superior a 11%, impulsionadas pela estabilidade do dólar.