Estudantes transformam cigarros eletrônicos apreendidos pela Receita em equipamentos de acessibilidade de baixo custo
Grupo venceu hackathon com ativador por sucção para pessoas com deficiência usarem como alternativa ao teclado de aparelhos digitais, além de aplicativo de comunicação aumentativa; episódio 195 da coluna Vencer Limites no Jornal Eldorado.
Uma equipe formada por seis estudantes universitários venceu um hackathon organizado pela Receita Federal para a criação de soluções sustentáveis com o uso de 1,5 milhão de cigarros eletrônicos apreendidos.
O grupo formado por Caio Alcântara, Cecília Galvão, Heitor Cândido, Mariana de Paula, Nataly Cunha e Pablo Azevedo - alunos do Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), que funciona dentro da Universidade de São Paulo (USP) - transformou os dispositivos em uma tecnologia assistiva que reutiliza 75% dos componentes do cigarro eletrônico e o transforma em um ativador por sucção para pessoas com deficiência, principalmente gente com mobilidade reduzida causada por condições como Esclerose Lateral Amiotrófica, Atrofia Muscular Espinhal, Paralisia Cerebral ou tetraplegia.
A tecnologia ganhou o nome 'SOPA', junção das palavras sopro e fala, funciona como alternativa ao teclado para aparelhos digitais e a sucção corresponde ao 'Enter'.
O grupo também criou um aplicativo, o SopApp, que pode ou não ser usado em conjunto com o SOPA e forma frases com auxílio de inteligência artificial, conforme hábitos do usuário, garantindo autonomia de fala. Segundo os estudantes, já houve contatos de profissionais interessados em utilizarem apenas o SopApp como plataforma de comunicação alternativa e aumentativa.
No Brasil, ativadores por sucção, a maioria importado, custam aproximadamente R$ 4 mil, mas o SOPA tem custo de R$ 40. A viabilidade comercial ainda está em análise pela Receita Federal.
Vivência com a diversidade - Caio Alcântara, Cecília Beatriz, Heitor Cândido e Pablo Azevedo cursam engenharia da computação. Mariana de Paula é aluna de sistemas de informação e Nataly Cunha estuda engenharia de software. Nenhum tem deficiência, mas foi a vivência com a diversidade que despertou no grupo a ideia da acessibilidade.
Pablo Azevedo foi estagiário na Turma do Jiló, organização que atua na construção de programas de educação inclusiva, e já havia participado de um projeto para surdez.
Carolina Videira, fundadora e líder da Turma do Jiló, explica que, quando o hackathon da Receita Federal foi lançado, os estudantes pediram uma reunião, da qual também participou a fonoaudióloga Daniele Voelin, para pensarem juntos em soluções viáveis.
A ideia do acionador por sucção surgiu, os estudantes pesquisaram o mercado e fizeram o estudo de viabilidade para o SOPA. A Turma do Jiló deu palpites e apoio institucional.
Um vídeo publicado nas redes sociais mostra detalhes do projeto (veja aqui).
