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Turismo

4 viajantes brasileiras que desafiaram o mundo

Mais de um século depois, o mundo parece não ter mudado para as mulheres viajantes [...]

13 jun 2025 - 17h30
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Quando a repórter Nellie Bly contou para seu editor Joseph Pulitzer que queria dar uma volta ao mundo, a resposta não poderia ser diferente, naquele final de século XIX.

- "É impossível. Em primeiro lugar, você é uma mulher e precisaria de um homem que a protegesse", disse o gerente do jornal The World.

Mais de um século depois, o mundo parece não ter mudado.

Karina Oliani na Etiópia
Karina Oliani na Etiópia
Foto: Gabriel Tarso/Divulgação” / Viagem em Pauta

Ao chegar à Etiópia para retirar a permissão para cruzar um vulcão numa tirolesa, em 2017, a médica e apresentadora paulistana Karina Oliani viu o funcionário estender o documento em direção aos homens da equipe, antes de indagar: "Quem vai fazer a travessia?".

Aquela mulher de 1,66 m de altura estava prestes a quebrar um recorde reconhecido pelo Guinness World Records: cruzar a tirolesa mais longa sobre um lago de lava, uma travessia de 100,58 metros sobre a cratera do vulcão mais ativo da Etiópia, o Erta Ale.

A seguir, eu conto a história de 5 viajantes mulheres (4 brasileiras e um estadunidense) que desafiaram o mundo, em situações, equivocadamente, ditas como masculinas.

* os relatos completos podem ser lidos também no site do Viagem em Pauta (www.viagemempauta.com.br)

Viajantes brasileiras (e uma estadunidense) que desafiaram o mundo

Thereza de Marzo

1922

Filha de um pai que acreditava que "lugar de mulher era dentro do lar", essa paulistana é considerada a primeira brasileira a receber o diploma de piloto-aviador internacional, cujo brevê foi tirado após um voo solo, em 7 de março de 1922.

Porém, ao se casar com o instrutor Fritz Roesler, quatro anos mais tarde, Thereza foi proibida de continuar voando, sob a alegação que já bastava um aviador na família. Com 329 horas e 54 minutos de voo em caderneta, a pioneira dos ares brasileiros encerrava a carreira quatro anos depois de iniciada.

Thereza de Marzo
Thereza de Marzo
Foto: Instituto Embraer/Divulgação / Viagem em Pauta

Tamara Klink

2020

Em 2020, a filha do velejador Amir Klink fez sua primeira travessia em solitário com o veleiro Sardinha, comprado sem que a família soubesse, cruzando o Mar do Norte, entre a Noruega e a França.

Tamara, que estudou arquitetura naval na França, escreve em seus livros sobre viajar sozinha com o mar como única companhia. E, quando o faz, se transforma em outras. É velejadora, mecânica, eletricista, skipper e escritora das próprias loucuras.

Filha de um pai que, sem afagar-lhe a cabeça com as mãos protetoras dos progenitores, ensinou que "se você quer fazer algo, faça". "Mas só deixe para contar quando tudo estiver pronto".

E foi o que ela fez.

Foto: Divulgação / Viagem em Pauta

Jéssica Paula

2023

Essa goiana de Rio Verde é a primeira mulher paraplégica a escalar uma das faces do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.

E o que mais a motivou deixar seu lugar de conforto para ver o Rio de outro ângulo foi, justamente, ter ouvido de guias homens que ela não conseguiria, devido às suas condições físicas.

"A autoconfiança é o mais difícil de conquistar. É olhar para algo que nunca foi feito antes e dizer que você pode ser a primeira. Tem que se bancar, mas às vezes a gente tem receio de não conseguir", contou para o jornalista Eduardo Vessoni, dias antes da escalada.

A escalaminhada (caminhada em trilhas de ascensão) foi em um terreno com até 75° de inclinação, em uma rocha de granito de quase 400 metros e trechos com subidas por cordas, trilhas e paredões verticais.

Foto: Arquivo Pessoal / Viagem em Pauta

Karina Oliani

2024

Mas o que é um mundo masculino para uma jovem médica, especialista em emergência e resgate em áreas remotas, que já fez tirolesa num lago de lava vulcânica, na Etiópia, nadou com crocodilos no México e caçou redemoinhos de vento no Vale dos Tornados, nos Estados Unidos?

A "loucura" mais recente dela foi escalar uma "montanha que mexe", no Ártico.

Acompanhada do alemão naturalizado brasileiro Sylvestre Campe, líder da expedição, Karina fez parte da expedição do veleiro Abel Tasman, que cruzou a temida Passagem do Noroeste, no encontro dos oceanos Atlântico e Pacífico, região acima do Círculo Polar Ártico.

Karina Oliani, na Groenlândia
Karina Oliani, na Groenlândia
Foto: Pitaya Filmes / Viagem em Pauta

A Ocean Science Expedition partiu de Bergen, na Noruega, para chegar no Estreito de Bering.

Entre as experiências teve uma escalada num iceberg em Søndre Upernavik, uma cidade minúscula com 195 habitantes, no arquipélago Upernavik, na Groenlândia.

"Os icebergs do Ártico encantam pela sua beleza, pelo tamanho e pelas formas. Mas também são aterrorizantes", contou o líder para o Viagem em Pauta, durante sua travessia da Groenlândia para o Canadá, cuja visibilidade de navegação não passava de 20 metros.

No site do Viagem em Pauta, você pode ler o relato completo em "Escalando uma "montanha que mexe": brasileiros relatam experiência no Ártico".

Domínio Público
Domínio Público
Foto: Viagem em Pauta

A propósito, a repórter que abre este tempo, Nellie Bly, não só venceu o machismo da época, como conseguiu completar sua volta ao mundo, antes do planejado.

Entre novembro de 1889 e janeiro do ano seguinte, Nellie Bly correu contra o relógio para dar a volta ao mundo, em menos tempo que o personagem fictício Phileas Fogg, em 'Volta ao Mundo em 80 dias', do escritor francês Júlio Verne.

Em corridos 72 dias (três a menos do que havia proposto, originalmente), a jornalista visitou 11 nações, entre países e as então possessões britânicas: EUA, Inglaterra, França, Itália, Egito, Iêmen, Ceilão (atual Sri Lanka), Malásia, Singapura, Hong Kong e Japão.

E, detalhe, com apenas uma malinha de mão, como mostra a foto acima.

Viagem em Pauta
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