Petrobras fará esforço para pagar dividendos extras, depende do preço do petróleo, diz CEO
A Petrobras fará "muito esforço" para pagar dividendos extraordinários neste ano, mas vê o mercado de petróleo como fator importante para isso acontecer, afirmou nesta quarta-feira a presidente-executiva, Magda Chambriard.
"Quanto a dividendos extraordinários, estou com o dedo cruzado. Tomara que a gente consiga. Vamos fazer muito esforço para conseguir isso", destacou ela, em coletiva de imprensa que marcou um ano da executiva à frente da petroleira estatal.
"A gente espera que haja (dividendos extraordinários), vamos ver se o nível de preço do petróleo permite."
O mercado de petróleo tem apresentado volatidade elevada nos últimos meses, o que impacta a principal divisão da companhia, de exploração e produção.
No início do mês, a Petrobras reduziu em 5,6% o preço médio da gasolina vendida a distribuidoras, no primeiro corte de valores deste combustível desde outubro de 2023, em momento em que o petróleo Brent estava cotado a aproximadamente US$65 o barril, cerca de US$15 mais baixo em relação ao pico do ano, visto em janeiro.
Com as tensões pelo conflito entre Israel e Irã, o Brent subiu para cima US$75 o barril.
Diante da volatilidade, Chambriard disse que a companhia não alterará neste momento os preços dos combustíveis com a recente escalada das tensões no Oriente Médio, agindo apenas se ficar clara uma tendência no mercado de petróleo.
"Com cinco dias (de guerra), a gente não vai fazer nada... Por enquanto, a gente vai olhar. Se essa guerra terminar amanhã, a gente volta ao que era antes, né? Eu acho que nenhum de nós aqui nessa sala consegue dizer se amanhã vai ter guerra ou não vai. Então vamos aguardar mais um pouquinho, cinco dias ainda é muito pouco", explicou.
Em relação a possíveis impactos logísticos devido a crise no Oriente Médio, o diretor de Logística, Comercialização e Mercados, Claudio Schlosser, afirmou que a companhia acompanha a situação no Estreito de Ormuz, por onde a empresa importa petróleo do tipo "arab light", usado na fabricação de lubrificantes no mercado brasileiro.
No entanto, Schlosser ponderou acreditar ser "muito difícil" um eventual fechamento da rota, usada inclusive para abastecer a China.
EXPLORAÇÃO E AVANÇO NA FOZ DO AMAZONAS
Independentemente do cenário de preços do petróleo, a Petrobras tem ativos que dão fôlego para a expanção da exploração, em busca de reservas, para ampliar produção, segundo Chambriard.
Em termos de produção, a executiva disse que nos primeiros cinco meses do ano a empresa conectou o dobro de poços produtores em relação ao mesmo período do ano passado.
No lado da exploração, a petroleira arrematou na véspera 13 blocos em leilão da reguladora ANP no Brasil, sendo 10 na Bacia da Foz do Amazonas, em parceria com a ExxonMobil, e três na Bacia de Pelotas, em parceria com a Petrogal, da Galp, comprometendo-se a pagar um total de R$139 milhões de reais em bônus de assinatura.
Chambriard disse que o resultado foi positivo, apesar de não ter levado todos os 20 blocos para os quais a companhia fez oferta, e reiterou que estará presente em todos os leilões que o Brasil realizar.
"Eu vou dizer para vocês o seguinte, esperávamos (concorrência no leilão na Foz do Amazonas) sim, porque a Guiana (com geologia semelhante) está bombando", disse Chambriard.
"Em termos do que a gente conseguiu (de resultados do leilão), a gente conseguiu o que queria. Esse 'plus' aí (que perdeu) não foi possível, mas era um 'plus'. O que a gente queria, a gente conseguiu."
Chambriard disse que a Petrobras sugeriu ao Ibama que um simulado de emergência na Bacia da Foz do Amazonas seja realizado por ela em 14 de julho, no que seria a última etapa antes que o órgão ambiental federal Ibama decida se dará o aval para uma perfuração na região.
A sonda de perfuração destinada para a Foz está prevista para chegar à locação no fim deste mês, mas o Ibama ainda não deu um retorno sobre a data sugerida.
A companhia também está investindo na exploração fora do Brasil e prevê a perfuração de um novo poço exploratório em São Tomé e Príncipe, na África, em parceria com a Shell, em agosto.
A Petrobras também está apostando em projetos relacionados a transição energética, e planeja a construção de uma planta para produção de combustível avançado de aviação a partir de etanol na Refinaria de Paulínia, em São Paulo, com previsão para entrar em operação em 2029, com capacidade para 10 mil barris por dia.
